Assim, o cientista chinês, Shi Young Ming, do Instituto de Problemas Mundiais, reputa que a teoria de excepcionalidade terá surgido ainda na etapa inicial de formação do Estado norte-americano. Como se sabe, para o continente americano se deslocaram pessoas amantes de liberdade e em forte oposição aos regimes ditatoriais europeus, dispostas então a seguir o seu próprio destino conforme os valores de capitalismo livre, aponta.
“Todavia, ao passo que a sociedade americana ia se desenvolvendo, o conceito se encheu de um novo conteúdo: chegou-se à conclusão de que o novo sistema de valores era superior aos outros princípios doutrinais, devendo ser promovida em escala mundial. Em outras palavras, os EUA acabaram considerando ser necessário salvar o mundo, desempenhando um papel de liderança e dirigindo o mundo por meio desses valores”.
O cientista recorda ainda que após a Segunda Guerra Mundial na arena mundial ocorreram muitas mudanças: foi instituída a Organização das Nações Unidas (ONU). Esta entidade internacional funciona com base em igualdade das Nações, procurando manter a ordem mundial em plena consonância com a Carta Magna e o Direito Internacional. Mas ao contrário desse paradigma, os EUA têm preconizado a sua excepcionalidade, o que, no essencial, não passa de aspirações à hegemonia.
“Os EUA podem não respeitar o direito internacional e desrespeitar as normas comuns, os EUA vão assumindo um papel de líder mundial, de criador, interprete e executor das leis. Para os EUA, o sistema da ONU não tem muita importância, nem pode ser vista como uma estrutura superior. Por isso, os EUA podem ficar isentos dos postulados defendidos pelas Nações Unidas. À luz disso, a tese sobre excepcionalidade, sob o pano de fundo da ONU eficiente, tem refletido a aspiração à hegemonia na sua forma extrema”.


Quando Obama se refere à excepcionalidade, dá a entender que os EUA se colocam acima do direito internacional, constata o cientista chinês. Na sua ótica, tal postura permite aos EUA ingerir nos assuntos internos de outros Estados e até praticar a intervenção armada.

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Aleksei Efimov