Entretanto, o primeiro-ministro Erdogan, contra quem eram dirigidos os protestos, declara: “Vamos limpar /a praça/ Taksim e o parque Gezi dos invasores”. Parece que ele está sinceramente orgulhoso de a polícia ter reprimido as ações dos “saqueadores, extremistas e marginais”.
Para um observador exterior, a situação é vista da seguinte forma: Erdogan, embalado pelos sucessos econômicos e dispondo de um poder absoluto, esqueceu-se que o apoio de metade dos eleitores nas eleições não significa que todo o país goste dele. A outra metade da população não é assim tão amistosa quanto ele desejaria.
Claro que nas manifestações de protesto participaram milhares de pessoas desta minoria ativa, que determina o clima político em qualquer que seja o país.
Houve protestos em praticamente todas as grandes cidades e vimos inscrições “Erdogan, demite-te”, “Taksim, resiste!” até nas rochas de um desfiladeiro de difícil acesso.
A primeira conclusão a tirar é que as qualidades pessoais do chefe de Governo e do partido governante não satisfazem uma parte significativa da sociedade. Este descontentamento foi expresso de forma mais do que clara.
Segundo, a classe média turca mostrou que existe e que tem objetivos de vida que não combinam com a estrutura política existente. A maioria daqueles que vieram para a rua em dezenas de cidades apoiaram os protestos nas redes sociais – se trata de jovens instruídos e com um relativamente bom nível económico, que não se consideram islamistas, nem nacionalistas turcos, nem separatistas curdos, nem kemalistas. LEIA MAIS