sábado, 25 de maio de 2013

TRÁFICO DE ÓRGÃOS, MÉDICOS BANDIDOS, BRASIL BANDIDO


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A dor de Paulo Pavesi


Política

Drama


A dor de Paulo Pavesi


Ele é um exército de um só homem contra a impunidade dos médicos-monstros que mataram seu filho para lhe retirar os órgãos
por Leandro Fortes — publicado 18/04/2013 12:01, última modificação 18/04/2013 12:01

Sozinho, escondido em Londres, na Inglaterra, depois de ter conseguido asilo humanitário na Itália, em 2008, o analista de sistemas Paulo Pavesi se transformou no exército de um só homem contra a impunidade dos médicos-monstros que, em 2000, assassinaram seu filho para lhe retirar os rins, o fígado e as córneas.



Paulo Veronesi Pavesi, então com 10 anos de idade, caiu de um brinquedo no prédio 
onde morava, e foi levado para a Irmandade Santa Casa de Poços de Caldas, no sul de Minas, onde foi atendido pelo médico Alvaro Inhaez que, como se descobriu mais tarde, era o chefe de uma central clandestina de retirada de órgãos humanos disfarçada de ONG, a MG Sul Transplantes. Paulinho foi sedado e teve os órgãos retirados quando ainda estava vivo, no melhor estilo do médico nazista Josef Mengele.

Na edição desta semana de CartaCapital, publiquei uma reportagem sobre o envolvimento do deputado estadual Carlos Mosconi (PSDB) com a chamada “Máfia dos Transplantes” da Irmandade Santa Casa de Poços de Caldas. Mosconi, eleito no início do ano, pela quarta vez consecutiva, presidente da Comissão de Saúde (!) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, foi assessor especial do senador Aécio Neves (PSDB-MG), quando este era governador do estado. Aécio o nomeou, em 2003, presidente da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMG), à qual a MG Sul Transplantes, idealizada por Mosconi e outros quatro médicos ligados á máfia dos transplantes, era subordinada.
As poucas notícias que são veiculadas sobre o caso, à exceção da matéria de minha autoria publicada esta semana, jamais citam o nome de Carlos Mosconi. Em Minas Gerais, como se sabe, a imprensa é controlada pela mão de ferro do PSDB. Nada se noticia de ruim sobre os tucanos, nem quando se trata de assassinato a sangue frio de uma criança de 10 anos que teve as córneas arrancadas quando ainda vivia para que fossem vendidas, no mercado negro, por 1,2 mil reais. Nada. Esse silêncio, aliado à leniência da polícia e do judiciário mineiro, é fonte permanente da dor de Paulo Pavesi. Mas Pavesi não se cala. De seu exílio inglês, ele nos lembra, todos os dias, que somos uma sociedade arcaica e perversa ao ponto de proteger assassinos por questões políticas paroquiais.
Como sempre, a velha mídia nacional, sem falar na amordaçada mídia mineira, não deu repercussão alguma à CartaCapital, como se isso tivesse alguma importância nesses tempos de blogosfera e redes sociais. Pela internet, o Brasil e o mundo foram apresentados ao juiz Narciso Alvarenga de Castro, da 1ª Vara Criminal de Poços de Caldas. Em 19 de fevereiro desse ano, ele condenou quatro médicos-monstros envolvidos na máfia: João Alberto Brandão, Celso Scafi, Cláudio Fernandes e Alexandre Zincone.
Eles foram condenados pela morte de um trabalhador rural, João Domingos de Carvalho. Internado por sete dias na enfermaria da Santa Casa, entre 11 e 17 de abril de 2001, Carvalho, assim como Paulinho, foi dado como morto quando estava sedado e teve os rins, as córneas e o fígado retirados por Cláudio Fernandes e Celso Scafi. Outros sete casos semelhantes foram levantados pela Polícia Federal na Santa Casa.
Todos os condenados são ligados à MG Sul Transplantes. Scafi, além de tudo, era sócio de Mosconi em uma clínica de Poços de Caldas, base eleitoral do deputado. A quadrilha realizava os transplantes na Santa Casa, o que garantia, além do dinheiro tomado dos beneficiários da lista, recursos do SUS para o hospital. O delegado Célio Jacinto, responsável pelas investigações da PF, revelou a existência de uma carta do parlamentar na qual ele solicita ao amigo Ianhez o fornecimento de um rim para atender ao pedido do prefeito de Campanha (MG). A carta, disse o delegado, foi apreendida entre os documentos de Ianhez, mas desapareceu misteriosamente do inquérito sob custódia do Ministério Público Estadual de Minas Gerais.
Na terça-feira, veio o troco.
A Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) suspendeu as audiências que aconteceriam nesta quarta-feira 17, até sexta-feira, 19 de abril, para se iniciar, finalmente, o julgamento do caso de Paulinho. Neste processo, estão sendo julgados, novamente, Cláudio Fernandes e Celso Scafi, além de outros acusado, Sérgio Poli Gaspar. De acordo com a assessoria do TJMG, o cancelamento se deu por conta de uma medida de “exceção de suspeição” contra o juiz Narciso de Castro impetrada pelo escritório Kalil e Horta Advogados, que defende Fernandes e Scafi. A defesa da dupla, já condenada a penas de 8 a 11 anos de cadeia, argumenta que o juiz teria perdido a “necessária isenção e imparcialidade” para apreciar o Caso Pavesi.
Ou seja, querem trocar o juiz, justo agora que o nome do deputado Carlos Mosconi veio à tona.
Eu, sinceramente, ainda espero que haja juízes – e jornalistas – em Minas Gerais para denunciar esse acinte à humanidade de Paulo Pavesi que, no fim das contas, é a humanidade de todos nós.
COMENTÁRIOS:
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carlos augusto rosa  um mês atrás

Parece que o juiz não esqueceu o Bento Gonçalves... se viu a sentença ele tá lá citado em várias partes. A corja é grande e tem muitos que não foram citados. Todos os crimes da máfia estão interligados. Se a Imprensa for atrás vai achar muito mais coisa. Em Minas a imprensa está amordaçada, assim como o MP. A polícia nem se fala... Parabéns à CC e seu prestigioso jornalista, especialista em jornalismo investigativo.

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Cícero José da Silva  um mês atrás

Um dia fui chamado para uma reunião no escritório de um amigo e tive a oportunidade de conversar com o senhor Paulo Pavesi, e de realizar um estudo profundo dos autos do processo, e por isso posso afirmar que o caso é realmente triste e comprova até que ponto há no Brasil uma organização destinada a prática do horrendo crime de tráfico de órgãos. Após a leitura do feito houve o questionamento se eu poderia ser o Assistente de Acusação, todavia o Senhor Paulo Pavesi teve que literalmente fugir do Brasil as pressas.


carlos augusto rosa  um mês atrás

Mais um "joão" ninguém... mais um médico-monstro que vem comentar aqui ou capacho do chefe. Em Poços, todos sabem que o administrador Carlão foi assassinado porque sabia demais (e tem médicos envolvidos). A máfia dos médicos, dos medicamentos, do café, domina toda a cidade e são sempre os mesmos: Mosconi, famiglia carvalho (danone, fazendas em M. Grosso, o Marcos Carvalho, vice-provedor da Santa Casa, está envolvido em corrupção em processo lá), Navarro (deve milhões ao fisco estadual), Geraldo Thadeu, Mocyr Nabo, médico dermatologista e seu irmão, ladrão de carga, envolvidos no furto de mais de 80 mil sacas de café e por ai vai...


A reportagem acima e alguns Comentários foram transcritos integralmente da revista Carta Capital, do endereço:

Nota do editor do blog GRIFAO: Garimpando antigos emails, deparei-me com o nome do senhor Paulo Pavesi, que no passado enviava-me notícias referentes a esse caso escabroso, criminoso, denunciado por ele, daí pesquisando seu nome deparei-me com a excelente reportagem da revista Carta Capital, tomei então a liberdade de copia-la na íntegra, transcrevendo-a inclusive. Crimes hediondos praticados por médicos, enfermeiras e inclusive em Hospitais, tem sido veiculados na mídia -todos sabemos disso, todos nós já fartamos de ler tantas e tão tristes notícias- mas da mesma forma que políticos saem sempre livres dos crimes que praticam, inclusive ministros e até presidentes de nossa malfadada republica, o mesmo acontece com profissionais da área de saúde. Um ou outro é punido, numa média de 1%, permanecendo impunes 99% dos criminosos. Mas também em outras áreas a impunidade é uma norma; lembram-se da tragédia em Petrópolis, Santa Catarina, Boate Kiss, escândalo do leite?

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