quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013


Doutrina militar brasileira - marcha para o insano - I

PROSSIGO A PUBLICAÇÃO DE EXCELENTES TEXTOS DE  BRASILEIROS QUE CONSIDERO 'SÁBIOS' - HOMENS E MULHERES COM ALTO INTELECTO - **

Anoto que a maioria é transcrição de matéria publicada anteriormente em outros locais   


quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Doutrina militar brasileira - marcha para o insano - I *

Alguns fatos recentes me espantam.

Um país que tem um volume enorme de pobres, que possui problemas de contrabando de carros roubados, drogas e descaminhos variados em suas fronteiras, que tem de patrulhar suas águas costeiras até para questões ecológicas, parte para dois sonhos exóticos, para não chamá-los de delirantes:

1-Ter submarino nuclear (se não, mais de um) somado à uma frota de submarino de patrulha.

2-Ter aviões caça de interceptação supersônica (ponto que já tratamos) somado à compra de relativamente grande número de helicópteros.
Analisemos este primeiro projeto do ponto de vista econômico e militar, e ainda demos algumas pinceladas sobre a compra de helicópteros.

Segundo citações do próprio governo federal, os contratos referentes à compra de helicópteros e submarinos alcançarão R$ 22,5 bilhões, ou US$ 12,5 bilhões na cotação de hoje. O número por si só já é um problema, mas ainda mais quando percebe-se que é aproximadamente 0,63 % de nosso PIB de US$ 1,981 trihões.

Embora possa parecer uma porcentagem insignificante, mesmo esquecendo as prioridades que nosso governo tem em outros campos e mesmo com manutenções mínimas de nossas insignificantes forças armadas*, seria o mesmo que os EUA gastarem quase 16% de seu colossal orçamento militar com apenas dois tipos de equipamento.

*Sim, são insignificantes para nosso território e população, basta ver os EUA, Canadá, China, Índia, Austrália e Rússia, países que apresentariam um espectro completo destes dois ítens, e ainda mais variado PIB.

Falando-se em Rússia, o delírio armamentista soviético sem correspondente geração de riqueza tem muito a nos ensinar, a começar, entendendo todo o implicado e representado na foto abaixo.



Alega-se também que tal aquisição mobilizaria 44.800 trabalhadores e mobilizaria os setores naval, químico, elétrico, eletrônico, metalúrgico, de telecomunicações, mecânica pesada, motores, informática, construção civil, transporte, tecnologia de informática, armamentos e munição.

1o) Como coisa que este número fosse mais que 0,39 % da massa de desempregados de 11,454 milhões da nação (aqui, o termo nação é perfeito, para lembrar que um país com seu povo habitante assim se chama).

Logo, não parece que 0,39 % de solução temporária seja motivo para 0,63 % de problemas.

2o) Como coisa também que o que apresentaremos somente para a marinha a seguir, e ainda mais o que pretendemos apresentar para as forças terrestres, sem falar no já tratado para nossas forças aéreas, e somemos aqui os helicópteros não fosse mobilizar os setores naval, todos em conjunto não fossem mobilizar o setor químico (pois quem fabrica explosivos fabrica tintas, corantes, plásticos e fármacos) e a lista se repetiria banalmente pela lista toda apresentada por nosso Ministro da Defesa, pois parece-me mais que claro que ao se produzir coisas aqui, e ao mesmo custo global aproximado, e de mesma natureza, se obteria os mesmo resultados.

Mas com uma pequena mas vital diferença.

Ao se mobilizar a produção mais pulverizada de equipamentos simples e necessários imediatamente, também formamos parque industrial para abastecer outros países (muito mais numerosos) que destes equipamentos simples necessitem, e permanentemente.

Assim, mais uma vez, relembro por meio deste exemplo macro o que deve-se lembrar no dia a dia, tanto de empresas ou instituições quanto de nossas vidas pessoais, e destes, também em governos. Algumas perguntas sempre devem ser feitas: -para que serve? -quanto trará de retorno? -podemos comprar? -não existe alternativa melhor?

Este texto, a partir deste ponto, lembrando nosso anterior, poderia se chamar "a garoupa que pretende se tornar tubarão".

Mas mais que tudo, esta argumentação de que nosso país necessita de submarinos é simplesmente ridícula e a analisaremos, e assim demonstraremos.

Seria extremamente mais útil, aliás, útil, nada mais, a construção de algumas poucas fragatas, algumas corvetas e para diferenciar uma escala menor, muito mais necessária, uma grande quantidade de barcos de patrulha, de preferência, com boa velocidade.

Não esqueçamos de navios de reabastecimento e navios hospital.

Nossos problemas são muito mais de barcos trazendo maconha enlatada e descaminhos diversos, sem falar de contrabando de armas que com uma marinha como a dos EUA, que por sinal, nem deveria ser colocada como problema,pois insolúvel, e o então simplesmente ridículo argumento de proteger nossas reservas de petróleo teria algum mínimo nexo.

Explico melhor em poucas palavras: Se os EUA quiserem tomar conta pela força de nossas reservas, o fariam mesmo se nossa marinha crescesse até o tamanho da marinha inglesa, e pouco interessaria se um, dois ou todos nossos novos submarinos fossem nucleares.

Os números simples e claros estão no meu artigo Poder militar dos EUA.

Mas não temos de nos preocupar com nações ricas, pois estas considerariam muito mais proveitoso (e barato) apenas comprar nossas reservas, e não tomá-las. Nações mais pobres (e convenhamos, tirando em renda per capita, a China já o deixou de ser há muito) seriam mais perigosas.

Aliás, em função de comprar nossas reservas, e ao que parece é isso que queremos fazer com estas, vender, poderíamos terceirizar nossa defesa, em razão exatamente de parcerias de defesa, como o fazem Arábia Saudita, em destaque, e diversos outros países do Oriente Médio.

Mas também convenhamos, ninguém nunca atacou reservas sob o solo, quanto o mais, reservas sob o mar, e muito menos, quando a principal e quase monopolista empresa em tecnologia de exploração de petróleo nestas condições seja do país a ser atacado.

E antes de nos preocuparmos com tal bobagem, tratemos de tirar o petróleo dali, viavelmente, e isto já é assunto para outro artigo.

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